A cientista italiana Fabiola Gianotti, especializada em física de partículas e, desde 2016, Directora-Geral do CERN (acrónimo da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), foi distinguida com o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural 2019.
“O conhecimento é como uma arte” - afirmou Fabiola Gianotti ao agradecer a nomeação. “Ambos são as mais altas expressões da mente humana e o CERN é o lugar perfeito para as alcançar.”
“O conhecimento científico pertence a todos” - disse ainda. “Como cientistas, devemos fazer os maiores esforços para compartilhar com a sociedade em geral as nossas descobertas e promover uma ciência aberta, acessível a todos. Ao longo das décadas, o CERN tem defendido os valores da excelência científica, ciência aberta e colaboração entre os países europeus e do resto do mundo.”
O Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural foi instituído em 2013 pelo Centro Nacional de Cultura, em cooperação com a Europa Nostra, que representa em Portugal, e também com o Clube Português de Imprensa.
O Júri do Prémio deste ano atribuíu Menções Especiais a duas outras personalidades: o Director do Royal Danish Theatre, Kasper Holten, pelo seu esforço em prol da compreensão do património cultural, e o italiano Angelo Castiglioni, que dedicou a sua vida a explorações arqueológicas e etnográficas.
A cerimónia de entrega do Prémio terá lugar no dia 25 de Novembro na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Fabiola Gianotti, filha de um geólogo do Piemonte e de uma siciliana apaixonada por música e arte, escolheu o curso de Física depois dos seus estudos clássicos e de ter concluído o curso de piano no Conservatório de Milão. Frequentou igualmente aulas de ballet clássico, desenvolveu uma paixão pela culinária que permanece até hoje, enquanto na escola se apaixonou pelo grego, o latim e a filosofia. A música exerce sobre ela uma influência fundamental e ensinou-lhe uma abordagem rigorosa da vida.
Gianotti procurou primeiro a Filosofia, na Universidade, porque lhe permitia equacionar as grandes perguntas, mas acabou por mudar para o curso de Física, quando percebeu que este lhe daria mais hipóteses de encontrar as respostas que procurava.
Essa combinação de influências artísticas e científicas deixou-a com três paixões na vida: música, física e culinária.
“Todas três seguem regras muito precisas” - afirma. “A harmonia musical é baseada em princípios físicos, enquanto na cozinha os ingredientes devem ser pesados com precisão. Ao mesmo tempo, temos de ser capazes de inventar, porque, se seguimos sempre a mesma receita, nunca criamos nada de novo.” (...)
Sobre a premiada deste ano, Maria Calado, Presidente do Centro Nacional de Cultura, sublinhou a missão de Fabiola Gianotti como Directora-Geral do CERN - “instituição europeia mundialmente reconhecida no campo da pesquisa nuclear, abrangendo um amplo espectro de actividades que vão desde a pesquisa ao desenvolvimento tecnológico e à formação de jovens, até ao papel extremamente importante na contribuição para a construção da paz, através da união de cientistas de diferentes países”.
Dos dois distinguidos com Menções Especiais, Kasper Holten, Director do Royal Danish Theatre, tem procurado “demonstrar a importância de os indivíduos serem bem informados e esclarecidos através da compreensão da sua herança cultural”.
Tanto no trabalho artístico como na sua gestão, Kasper Holten promoveu e desenvolveu parcerias e colaborações por toda a Europa. Os seus esforços para colocar as artes performativas no discurso central da sociedade alcançaram novos públicos-alvo. Já montou mais de 75 óperas, peças de teatro e espectáculos musicais em vários países europeus, bem como nos Estados Unidos, na Rússia, em Israel, Austrália, Argentina, China e Japão.
Angelo Castiglioni recebe a Menção Especial por, “juntamente com o seu irmão gémeo Alfredo, já falecido, ter dedicado sessenta anos de vida a numerosas explorações e expedições arqueológicas e etnográficas no norte e centro da África”.
Os resultados impressionantes dessas missões foram publicados em numerosos livros e em filmes e documentários, como testemunho único dos usos e costumes de grupos étnicos já desaparecidos ou que estavam a perder as suas raízes culturais originais.
Os resultados do trabalho de Castiglioni estão expostos no Museu Castiglioni, criado no município de Varese, na Lombardia, com a doação dos achados arqueológicos e etnográficos recolhidos durante as suas expedições.
O escritor italiano Claudio Magris foi o primeiro laureado do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva, em 2013; o escritor turco e Prémio Nobel da Literatura Orhan Pamuk foi distinguido em 2014; o músico catalão Jordi Savall foi premiado em 2015; o cartoonista francês Jean Plantureux, conhecido como Plantu, e o ensaísta português Eduardo Lourenço venceram ex-aequo a edição de 2016; em 2017, o cineasta Wim Wenders foi o vencedor e, em 2018, a vencedora foi a historiadora inglesa Bettany Hughes.
Com as vagas de desinformação que começaram a circular “online” nos últimos anos, passou a ser necessário partilhar, com eficácia e clareza, as definições de “notícia” e de “jornalista”, para que o público consiga acompanhar as profundas transformações do mundo mediático, considerou Sabine Righetti num artigo publicado no“Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Isto porque, explicou a autora, se, há dez anos, a produção noticiosa era um papel exclusivo do jornalista, que colaborava com títulos informativos, actualmente, qualquer um pode escrever um artigo, partilhando-o através das redes sociais.
Ou seja, hoje em dia, é preciso ressalvar que nem todo o utilizador da internet que partilha uma peça, de cariz informativo, pode ser considerado um jornalista. E que, por outro lado, nem todo o cidadão com actividade declarada como jornalística cumpre as normas deontológicas, confundindo-se, por vezes, com um activista.
Portanto, considera Righetti, há, agora, uma hibridização do conceito.
Por isso mesmo, definir quem é, ou não, um jornalista, é uma tarefa cada vez mais difícil de concretizar, explicou a autora. Isto porque, já nem os documentos legais são considerados válidos, perante o panorama actual.
Neste âmbito, Righetti recorda que, no Brasil, conceito de jornalismo foi definido por um decreto, de Março de 1979, que instituiu que a profissão de jornalista compreendia actividades como “redacção, condensação, titulação, interpretação, correcção ou coordenação de informação a ser divulgada” ou “comentário ou crónica, a serem partilhados através de quaisquer veículos de comunicação”.
Além disso, naquela época, a “empresa jornalística” era um elemento central da actividade. O jornalismo, então, era tudo aquilo feito nos “media” formais.
E mais: o exercício da profissão de jornalista, de acordo com a legislação, exigia o registo prévio no Ministério do Trabalho, mediante a apresentação do comprovativo de nacionalidade brasileira, do diploma de curso superior de jornalismo e da carteira de trabalho.
Em 2009, relembra a autora, o STF (Supremo Tribunal Federal) retirou a exigência do diploma para o exercício da profissão. Ainda assim, as empresas de jornalismo contratavam, na sua maioria, colaboradores especializados para fazer jornalismo.
Só que o jornalismo, continua Righetti, cada vez mais, começou a sair das “empresas jornalísticas” e ganhou outros espaços que a legislação das décadas de 1960 e 1970 jamais poderia ter previsto.
Os leitores de notícias podem dividir-se em seis categorias, dependendo das suas necessidades e interesses, concluiu um relatório do “Financial Times”, citado pelo"Laboratório de Periodismo”, cujas conclusões podem ajudar outros “media” a reter subscritores.
De acordo com o estudo, por norma, os cidadãos consultam os títulos informativos com um de seis objectivos: manterem-se actualizados, alargarem a sua contextualização sobre o mundo que os rodeia; educarem-se sobre um determinado tópico ou personalidade; divertirem-se através de artigos lúdicos ou actividades didácticas; inspirarem-se ao lerem histórias sobre alguém que superou adversidades; e seguirem as tendências do mundo ‘online’.
Assim, a fim de terem sucesso junto do público, explica o documento, os jornais devem identificar a categoria com a qual a maioria dos seus leitores se identifica, para que possam continuar a captar o seu interesse, gerando um maior número de subscrições e, consequentemente, mais receitas.
O “Financial Times” realizou esta experiência junto de três editoras distintas, ajudando-as a compreender aquilo que poderiam fazer para optimizar a interacção com o público.
A editora 1, por exemplo, concluiu que 40% dos artigos que produzia eram da categoria “actualize-me”, mas que estes geravam, apenas, 13% de visualizações de página. Por outro lado, os artigos da categoria “entretenimento” representavam 19% do total de artigos publicados, mas, geravam 43% das interacções.
Este espaço do Clube Português de Imprensa vai fechar para férias durante o mês de Agosto.
É uma opção adoptada desde o lançamento do site em Novembro de 2016.
Recorde-se que o site se divide em três grandes áreas de conteúdos, com uma coluna de opinião a cargo de jornalistas e investigadores das Ciências de Comunicação, resumos informativos e propostas de reflexão sobre as grandes questões que se colocam hoje na paisagem mediática e à função jornalística.
O site do CPI conta, ainda, com as parcerias do Observatório de Imprensa do Brasil e da Asociacion de la Prensa de Madrid, dos quais publica regularmente trabalhos de análise em diferentes perspectivas, desde a ética profissional aos efeitos das mudanças tecnológicas.
O CPI, associação reconhecida de Utilidade Pública fundada em Dezembro de 1980, integra o Prémio Helena Vaz da Silva, instituído conjuntamente com o CNC-Centro Nacional de Cultura e Europa Nostra, e lançou em 2017 o Prémio de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o Jornal Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares.
O Prémio de Jornalismo da Lusofonia, cuja atribuição foi interrompida devido à pandemia, destina-se a jornalistas e à imprensa de língua portuguesa de todo o mundo, "em suporte papel ou digital", de acordo com o regulamento.
Ao concluir mais um ciclo de actividade do Clube e do site em particular, é muito gratificante saber que, apesar dos sobressaltos e das incertezas que afectam os media, o número de frequentadores habituais deste espaço tem vindo sempre a aumentar e a consolidar-se, designadamente, na sua visibilidade internacional, medida pela Google Analytics.
Aos associados, amigos e visitantes deste site o CPI deseja boas férias! E até Setembro.