A figura do ombudsman dos media, corresponde a um mediador que promove a interacção entre os órgãos de comunicação social e o público, tendo também uma responsabilidade crítica.
A função, na sua origem, passava por “ouvir” os leitores, ouvintes e telespectadores em relação aos conteúdos dos media.
A palavra surgiu na Suécia, a partir do termo justitiombudsman, e tinha um carácter público. Nos Estados Unidos decidiram adoptar a expressão para definir o defensor do leitor, surgindo assim o ombudsman. A terminologia varia de país para país, desde “defensor del lector” em Espanha, “médiateur” em França e “provedor do leitor” em Portugal.
O cargo de provedor surgiu em Portugal, apenas em 1990, o que pode ser considerado relativamente tardio, quando comparado com os Estados Unidos – onde o newsombudsman surgiu nos jornais Louisville Courier Journal e Louisville Times, no estado de Kentucky, em 1967 – e no Brasil o primeiro ombudsman apareceu em 1989, no jornal Folha de S. Paulo.
Apesar de tardio, o Provedor do Leitor (do Ouvinte ou do Telespectador) entrou em declínio e está em vias de extinção nos media portugueses.
Juliana Rosas, pesquisadora do objETHOS, publicou um oportuno artigo no site do Observatório da Imprensa do Brasil, com o qual o CPI tem um acordo de parceria, no qual reflecte sobre o tema.
No Brasil, o ombudsman de imprensa tinha como missão: ouvir o leitor e criticar não só o seu jornal, mas igualmente os media em geral. Já nos Estados Unidos a função era menos crítica.
O provedor teve o seu apogeu durante os anos 90, numa fase de reforço da democracia no Brasil e no mundo, marcada pelo fim da Guerra Fria e pela queda do Muro de Berlim.
O primeiro jornal português generalista a criar o cargo foi o Diário de Notícias, em 1997, que foi assegurado pelo actual vice-presidente da ERC, Mário Mesquita. Anteriormente, já o desportivo Record tinha criado a mesma figura, em 1992, confiada a David Borges.
Apesar do boom inicial, a partir dos anos 2000 já se observava uma quebra acentuada de provedorias. Não é possível proceder a uma análise precisa dos números, uma vez que a Organization of News Ombudsmen and Standards Editors tem a informação desactualizada.
No Brasil, apenas os jornais Folha de S.Paulo e O Povo, no Ceará, mantêm o cargo de ombudsman.
A autora refere que o jornalismo “é um negócio que presta serviço público” e esta ambivalência pode ser uma das razões que levou à extinção do cargo.
Há que considerar, contudo, que a existência de um ombudsman pode ser uma forma de garantir a transparência e a responsabilidade das empresas de comunicação, promovendo a sua credibilidade.
Mais informação em Observatório da Imprensa do Brasil.
Com as vagas de desinformação que começaram a circular “online” nos últimos anos, passou a ser necessário partilhar, com eficácia e clareza, as definições de “notícia” e de “jornalista”, para que o público consiga acompanhar as profundas transformações do mundo mediático, considerou Sabine Righetti num artigo publicado no“Observatório da Imprensa”, com o qual o CPI mantém um acordo de parceria.
Isto porque, explicou a autora, se, há dez anos, a produção noticiosa era um papel exclusivo do jornalista, que colaborava com títulos informativos, actualmente, qualquer um pode escrever um artigo, partilhando-o através das redes sociais.
Ou seja, hoje em dia, é preciso ressalvar que nem todo o utilizador da internet que partilha uma peça, de cariz informativo, pode ser considerado um jornalista. E que, por outro lado, nem todo o cidadão com actividade declarada como jornalística cumpre as normas deontológicas, confundindo-se, por vezes, com um activista.
Portanto, considera Righetti, há, agora, uma hibridização do conceito.
Por isso mesmo, definir quem é, ou não, um jornalista, é uma tarefa cada vez mais difícil de concretizar, explicou a autora. Isto porque, já nem os documentos legais são considerados válidos, perante o panorama actual.
Neste âmbito, Righetti recorda que, no Brasil, conceito de jornalismo foi definido por um decreto, de Março de 1979, que instituiu que a profissão de jornalista compreendia actividades como “redacção, condensação, titulação, interpretação, correcção ou coordenação de informação a ser divulgada” ou “comentário ou crónica, a serem partilhados através de quaisquer veículos de comunicação”.
Além disso, naquela época, a “empresa jornalística” era um elemento central da actividade. O jornalismo, então, era tudo aquilo feito nos “media” formais.
E mais: o exercício da profissão de jornalista, de acordo com a legislação, exigia o registo prévio no Ministério do Trabalho, mediante a apresentação do comprovativo de nacionalidade brasileira, do diploma de curso superior de jornalismo e da carteira de trabalho.
Em 2009, relembra a autora, o STF (Supremo Tribunal Federal) retirou a exigência do diploma para o exercício da profissão. Ainda assim, as empresas de jornalismo contratavam, na sua maioria, colaboradores especializados para fazer jornalismo.
Só que o jornalismo, continua Righetti, cada vez mais, começou a sair das “empresas jornalísticas” e ganhou outros espaços que a legislação das décadas de 1960 e 1970 jamais poderia ter previsto.
Os leitores de notícias podem dividir-se em seis categorias, dependendo das suas necessidades e interesses, concluiu um relatório do “Financial Times”, citado pelo"Laboratório de Periodismo”, cujas conclusões podem ajudar outros “media” a reter subscritores.
De acordo com o estudo, por norma, os cidadãos consultam os títulos informativos com um de seis objectivos: manterem-se actualizados, alargarem a sua contextualização sobre o mundo que os rodeia; educarem-se sobre um determinado tópico ou personalidade; divertirem-se através de artigos lúdicos ou actividades didácticas; inspirarem-se ao lerem histórias sobre alguém que superou adversidades; e seguirem as tendências do mundo ‘online’.
Assim, a fim de terem sucesso junto do público, explica o documento, os jornais devem identificar a categoria com a qual a maioria dos seus leitores se identifica, para que possam continuar a captar o seu interesse, gerando um maior número de subscrições e, consequentemente, mais receitas.
O “Financial Times” realizou esta experiência junto de três editoras distintas, ajudando-as a compreender aquilo que poderiam fazer para optimizar a interacção com o público.
A editora 1, por exemplo, concluiu que 40% dos artigos que produzia eram da categoria “actualize-me”, mas que estes geravam, apenas, 13% de visualizações de página. Por outro lado, os artigos da categoria “entretenimento” representavam 19% do total de artigos publicados, mas, geravam 43% das interacções.
Este espaço do Clube Português de Imprensa vai fechar para férias durante o mês de Agosto.
É uma opção adoptada desde o lançamento do site em Novembro de 2016.
Recorde-se que o site se divide em três grandes áreas de conteúdos, com uma coluna de opinião a cargo de jornalistas e investigadores das Ciências de Comunicação, resumos informativos e propostas de reflexão sobre as grandes questões que se colocam hoje na paisagem mediática e à função jornalística.
O site do CPI conta, ainda, com as parcerias do Observatório de Imprensa do Brasil e da Asociacion de la Prensa de Madrid, dos quais publica regularmente trabalhos de análise em diferentes perspectivas, desde a ética profissional aos efeitos das mudanças tecnológicas.
O CPI, associação reconhecida de Utilidade Pública fundada em Dezembro de 1980, integra o Prémio Helena Vaz da Silva, instituído conjuntamente com o CNC-Centro Nacional de Cultura e Europa Nostra, e lançou em 2017 o Prémio de Jornalismo da Lusofonia, em parceria com o Jornal Tribuna de Macau e a Fundação Jorge Álvares.
O Prémio de Jornalismo da Lusofonia, cuja atribuição foi interrompida devido à pandemia, destina-se a jornalistas e à imprensa de língua portuguesa de todo o mundo, "em suporte papel ou digital", de acordo com o regulamento.
Ao concluir mais um ciclo de actividade do Clube e do site em particular, é muito gratificante saber que, apesar dos sobressaltos e das incertezas que afectam os media, o número de frequentadores habituais deste espaço tem vindo sempre a aumentar e a consolidar-se, designadamente, na sua visibilidade internacional, medida pela Google Analytics.
Aos associados, amigos e visitantes deste site o CPI deseja boas férias! E até Setembro.